O Encontro de Pajadores, realizado no Teatro da Casa das Artes, em Bento Gonçalves, em comemoração ao Dia do Pajador Gaúcho, alcançou êxito de público, o qual pode assistir a um belo espetáculo de versos improvisados.
Adão Bernardes e Paulo de Freitas Mendonça. Ao violão: Raul Quiroga |
O evento que aconteceu pela segunda vez na cidade, em memória a Jayme Caetano Braun, contou com a participação dos mais conceituados pajadores do momento, Paulo de Freitas Mendonça, José Estivalet, Pedro Junior da Fontoura, Jadir Oliveira, Adão Bernardes, Arabi Rodrigues e Renato Kruel. Além dos pajadores, o declamador Francisco Scaramuça, o apresentador Omair Trindade e Raul Quiroga Quiroga e Americanto deram mais brilho ao show.
O encontro começou com Raul Quiroga e Americanto, depois, os versos memorizados de Francisco Scaramuça, em seguida Arabi Rodrigues fez uma apresentação solo. A sequência do encontro foi com contrapontos improvisados a partir de temas dados pelo público. A primeira dupla foi José Estivalet e Renato Kruel, a segunda Paulo de Freitas Mendonça e Adão Bernardes e a terceira, Pedro Junior da Fontoura e Jadir Oliveira. Nestes embates poéticos foram explorados com maestria temas como vindima, Bento, o tempo, missões, esquila, Jayme Caetano Braun, Bossoroca e mulher, entre outros.
As três duplas foram aplaudidas em pé pelo público que lotara o teatro. Ao encerrar o espetáculo, algumas rodadas de décimas improvisadas por todos os pajadores atenderam aos temas sugeridos novamente pelos presentes.
Ao encerrar o espetáculo, estava todo o público aplaudindo em pé, quando as guitarras do Grupo Americanto pulsaram acordes do hino rio-grandense que começou instrumental e finalizou sendo também entoado pelos pajadores e público num momento de grande emoção.
O Encontro de Pajadores, que foi o primeiro evento oficial da Secretaria Municipal de Cultura de Bento Gonçalves, recentemente criada, teve anúncio oficial de que em 2012 vai se realizar o evento novamente na cidade.
Quem é o pajador?
O pajador é o andejo que improvisa versos em décima ao som do violão. Segundo pesquisa de Paulo de Freitas Mendonça em seu livro Pajador do Brasil - Estudo Sobre a Poesia Oral Improvisada – há, no Rio Grande do Sul, este tipo de improviso em décima ao som de viola no período farroupilha (1835-1845). Considerando que a décima entra para o canto improvisado rio-pratense em 1920 e são encontradas estas estrofes no improviso rio-grandense em 1835, é erroneo dizer que a pajada tenha origem argentina ou uruguaia como escrevem alguns jornalistas. Mendonça é claro ao afirmar que tanto a Argentina, o Uruguai, o Brasil, quanto o Chile podem requer para si a partenidade do pajador. Todavia ele está presente nestas terras antes da definição das fronteiras. Da mesma forma que na Europa, o sul da América fundamenta sua cultura e depois as fronteiras políticas, afirma Mendonça.
A pajador tem sua arte oficializada pelo MTG como tradição genuinamente gaúcha e pela Assembleia Legislativa, através da Lei que cria o Dia do Pajador Gaúcho, data de nascimento de Jayme Caetano Bran, em sua homenagem.
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