quarta-feira, 13 de julho de 2011

Poema Aos Olhos de Quem Mateia Solito


 Amigos apreciadores da arte poética , trago para apreciação dos senhores este poema que foi minha primeira tentativa de escrita , mais precisamente lá por 2005 escrevi a sua primeira versão que se chamava Aos Olhos Tristes de Quem Mateia Solito porque me encontrava em um momento de reflexão sobre a vida que leva , e a que eu gostaria de levar daquela época em diante , andava muito pensativo e buscando rumos e estradas essas que a vida nos apresenta para que nela a gente aprenda a caminhar e buscar nossa evolução .
Primeiramente me veio aos olhos aquela imagem do mateador solito e pensativo , então comecei a me perguntar quem seria este gaúcho ? e porque mateia solito ? A cena estava pronta e busquei através de uma poesia simples e descritiva narrar esta história do mateador solito .

Muitos anos se passaram , mais precisamente 5 anos depois de ter começado aquela história me deparei com  aqueles versos esquecidos novamente . Em outra época com outro olhar sobre a vida , que nestes anos me ensinou muito do pouco que sei ! Ela , a vida cria cenas em que a gente muitos vezes é um personagem tentando interpretar o difícil papel de viver de bem com o mundo , numas destas cenas uma alma poética se achegou no costado para trilhar e falar as mesmas verdades em forma de poemas e metáforas . Então juntamos nossas inspirações ( mesmo que virtualmente ) construímos este poema chamado Aos Olhos de Quem Mateia Solito . Gracias meu irmão Luciano Salerno pela tantas horas de empenho para manter terrunho a nossa nova maneira de escrever o verso crioulo . 
  
Matias da Silveira Moura
     
AOS OLHOS DE QUEM MATEIA SOLITO

Antiga é a figura a silenciar projetada na estância,
Onde por conta, só um fogo e o mate lhe fazem costado.
O semblante que traz é gasto pelas tropeadas do tempo,
Com olhos calmos, bombeia pensamentos e passado.


Que acomoda o mate bem firme nas mãos...
Assim como quem “sofrena” nas rédeas um redomão.
As retinas buscam das casas até o “caminito” lonjuras
E atrás das retinas a espera por ter na alma candura.

 - O que será que seus olhos buscam na estrada?

Com as retinas serenadas e o remanso dos buenos...
De certo busca algum campeiro cansado do ofício tropeador.
Desses que gastou peçunhas empurrando bois estrada afora
E nem suas eram essas tropas estendidas pelo corredor!

Talvez lembre a estância matizada num final de tarde,
Em que os campeiros voltavam com seus baguais
Lavados de suor por reculutas, tropeadas e apartes.

Talvez seus olhos busquem na estrada o “perro cimarrom”,
Um trovão pra repontar os que se desgarravam da tropa.
Um fiel companheiro, alma antiga de gaúcho guerreiro
Nas lidas e gauchadas de mangueiras ou fundões das grotas.

De certo vislumbre as “Toras” no pelado de rodeio.
O palanque firme, onde escorava os tirões dos “malos”
Que tinham seus destinos domados a ferro e mango...
Formando um combate de campo entre homem e cavalo.


Que no lume de lua inteira buscava inspiração,
os timbres do silêncio para compor melodias
lembrando o perfume de um semblante moreno
que nas toadas dos ventos embalava os seus dias.

Foto: Matias Moura
O que retratam de vida e poesia,
De tempo e distância...
Os olhos dos senhores desses retratos?

Talvez, retratem nostalgias de um fundo de campo,
cambiando seus dias a uma esquecida tapera,
Pintada pela natureza num retrato campechano...
Deixando na antiga estância somente quimeras!

Da tropa encordoada e o cruzeiro em noites escuras...
Quem sabe esta altiva e romanesca figura de outrora
Tenha coração livre, alma pura e olhos de ver lonjuras.

Por certo "siempre" a mirar o "caminito"
Entre cada gole desse amargo ritual,
Serei eu a contar luas e setembros gastos
 num amanhã longe do manancial!!

Sim! Será a minha figura silenciada na “coxilha de pedra”,
Onde, por conta somente livros e o mate me farão costado.
O semblante levarei forjado pelas tropeadas do tempo,
E Com olhos calmos ruminando passado e infinito...
No espelho do amargo, sou eu mesmo quem mateia solito.

                                                         Autores Matias Moura e Luciano Salerno 




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